Sair de um filme do Christopher Nolan é como sair de uma montanha-russa, você sai tonto, perdido e sem entender direito o que aconteceu, mas gostou e quer ir de novo, pra apreciar melhor o trajeto.
A Origem (Inception), assim como Batman-O Cavaleiro das Trevas e O Grande Truque (ambos do próprio Nolan) é assim.
O filme que, no seu imenso clímax de quase quarenta minutos, chega a ter três núcleos narrativos simultâneos com os mesmos personagens tem potencial para dar um nó na cabeça de qualquer um, nele, Leonardo DiCaprio (ótimo, como sempre) interpreta um homem “especializado” em invadir mentes através dos sonhos e, então, extrair segredos. Mas as coisas mudam quando ele precisa fazer o seu trabalho derradeiro, inserir uma idéia na mente do herdeiro de uma mega corporação.
A partir daí ele recruta novos membros para sua equipe (entre eles Ellen Page, que continua com o ar insuportável da Juno e tem uma atuação bem mediana) e aprendemos junto com eles as “regras” desse jogo, que Nolan faz questão de deixar claras, mas isso não quer dizer que elas sejam simples.
O que confunde as pessoas no filme é justamente isso, não é a falta de explicação, todo o filme em si é organizado, muitíssimo bem organizado, mas ainda assim requer muita atenção, porque não deixa de ser complicado. É como se Nolan, no começo no filme explicasse que “a+b=c” e, uma hora depois, jogasse um “c” no meio do filme, se você prestou atenção na explicação anterior não vai sentir tanta dificuldade para assimilar o que está se passando. O problema é que o público é acostumado com coisas mastigadas, um outro diretor, subestimando os espectadores, colocaria um flashback, ou uma didática narração em off, explicando novamente que “a+b=c” e isso Nolan não faz, confia em seu público.
E o estúdio confia nele, afinal o filme custou 200 milhões de dólares, o que garante o primor nos efeitos especiais e nas cenas de ação, que são empolgantes e, junto com a trilha sonora que está sempre subindo não deixa o filme de duas horas e meia ficar maçante. O imediatismo criado pela trilha ajuda e muito nisso.
No fim das contas, A Origem fica muito acima da média, não é o marco revolucionário que alguns estão dizendo por aí, mas não deixa de ser um ótimo filme, pela sua originalidade, seu roteiro muitíssimo bem construido e cheio de reviravoltas inteligentes e as empolgantes cenas de ação, um típico filme do Nolan.
Mas, assim como em uma montanha-russa, alguns saem com vontade de vomitar e nunca mais pensam em pisar em uma, e esse é um risco que o diretor, felizmente, escolhe correr.
Afinal, prefiro uma montanha-russa que um um carrosel.
Um comentário:
Acho que eu teria preferido um carrossel, hein.
Ainda me sinto burra. (Y)
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